quinta-feira, 31 de março de 2011

A Missão


Porque os compromissos da vida secular impõem aos indivíduos certas obrigações, eu me encontrava sentada à mesa da cozinha, lendo um livro de Sociologia, totalmente alheia ao cenário externo a mim. Um som ecoou da varanda,  desconcentrando-me na leitura. Direcionei o olhar para lá e pude me alegrar com a eminente visita de um sabiá do peito amarelo, que gorjeava insistentemente como se estivesse a chamar por alguém. Fixei a atenção nele, me desliguei do livro e investi tempo na observação daquele pequeno ser. A meu ver, seu cantarolar, suave para mim e substancial para ele, não comunicava outra coisa, senão o manifestar da existência. Ele estava ali, ora pensativo, ora movente, me olhando e mostrando a mim e à natureza que ele era real, que sua presença no mundo era digna de reconhecimento. Tão digna, que o notar de sua vida foi involuntário da minha parte. Seu agudo timbre penetrou meus ouvidos, como a campainha de uma casa a avisar que alguém espera à porta para ser atendido. Cumpri minha obrigação de ver quem era. Recebi, com espírito aberto, minha visita. Ouvi-lhe, aceitei sua mensagem de paz e retribuí com um sincero sorriso de agradecimento e satisfação. Com a missão cumprida, ele se posicionou e voou a caminho de outro objetivo. Deparei-me com o desejo de que sua próxima visita fosse a uma alma amargurada, necessitada de um motivo para sorrir. Como gostaria que ele voltasse no dia seguinte... Até lá, esperava já ter terminado a leitura do meu livro.


Bjus, pétalas!
Patrícia Andrade

5 comentários:

  1. Poxa..mt profunda essa mss, viu?
    Que sejamos como esse sabiá, a encantar e surpreender a tdos à sua volta.

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  2. Bonito texto! Espero receber a visita desse sabiá como realização do seu desejo. Continue a escrever coisas bonitas.

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  3. Obrigada! Que você receba a visita dele também! Ah, ele voltou no dia seguinte!! rsrsrs
    Bjos!

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