terça-feira, 20 de agosto de 2013






Há sempre um sentido para o choro, para uma resposta ríspida, uma palavra recebida que machuca. Na tensão não se cruza as pernas por cruzar, não se coça a cabeça por coçar. Vivemos dando sinais a todo tempo e eles precisam ser notados. Há pedidos de socorro no silêncio, há textos a serem lidos em olhares. Este mundo não nos ensina a enxergar o que há nas entrelinhas. Apenas nos programa para sobrevivermos até que a morte avise que é o fim do jogo. Estamos todos tão perto, mas separados por uma espessa linha de incompreensão e frieza. Infelizmente, o legalismo que nos governa é este: Os motivos se vão, fica o que se faz.


Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
(Marisa Monte - Gentileza)

domingo, 4 de agosto de 2013



Eu sou mais forte do que eu.

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 31 de julho de 2013



Não compreendo como você conseguiu entrar sem reparar nas placas de atenção
Eu não permiti que viesse com tamanha intensidade
Eu não dei permissão para  seu sorriso revirar as folhas da minha alma
Eu não disse que você poderia ir tão fundo
E pior, esqueci de dizer que não era bom você partir

Ainda não vi seus olhos de verdade
Sinto a perda do que não vivi
Cada palavra sua se repete em meus ouvidos cobrindo terceiras palavras
Sua presença é tão viva que me questiono se deveria mesmo ter partido
Seu medo foi maior que o não acaso

Teus sorrisos ainda me fazem sorrir
Teus olhos ainda arrancam uma lágrima dos meus
Agora tento administrar a sua ausência
E entre palavras, canções, decisões e lembranças, me ocupo de varrer-lhe para o lugar onde você escolheu morar: no meu passado.

terça-feira, 30 de julho de 2013

CoiSas MinHas... Que Eu TamBém Não EnteNdo



Você nunca vai saber de verdade
Você nunca vai me ver como eu realmente sou
Você não sabe me ver

Todo bobo ama de um jeito diferente do seu
Todo bobo ama com mesma intensidade com que sofre...
E sofre com a mesma intensidade com que ama...
Eu, particularmente gosto de ser boba...
Só não gosto de ser sua.

Estou me preservando
E você não é parte das coisas que me fazem bem...

Mas você nunca vai me ver com eu realmente sou...
Você não sabe me ver...
Você nunca vai saber de verdade.

May Lima

domingo, 23 de junho de 2013

Linha de passe



Você foi o tipo de pessoa que fez as chagas do meu eu virem à luz e provocarem toda a desordem que está agora feita. Entendi que não há culpados no fracasso de relações, mas sim incompatibilidade de fatores. Foi com você que, sem decidir, pude enxergar com nitidez defeitos e traços meus não percebidos com veemência anteriormente. Li em algum lugar que as pessoas ficam em nossas vidas o tempo necessário para aprendermos alguma coisa com aquela relação. Entendi que você ficou sim o tempo necessário e que o que precisei ver em mim, eu consegui ver. Não por você, mas pelo tipo de relação que tivemos e a forma como tratamos os sentimentos que nasceram, e que matamos com mãos próprias. Difícil é aceitar que a mudança é a lei da vida, mas é graças a essa lei que a felicidade pode ser sempre alcançada. As dores são necessárias ao crescimento e a melhor forma de passar pelo sofrimento é assumir o incômodo da ferida e fazer a parte que me cabe para fazer a dor doer cada vez menos, até ser princípio de paz. Passarei por essa prova de fogo, não inédita, mantendo os olhos no alvo, no pote de ouro no fim do arco-íris, na paz de espírito e  na possibilidade de amar novamente, que chegam ao fim de cada sofrimento. Espero, então, pelo fechamento da ferida, pela calmaria que está por vir, pelo meu eu aprimorado ao fim de mais uma fase de crescimento e desapego doído. E o nosso “pra sempre”? Mais uma descoberta eu fiz: o pra sempre acaba sempre. 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ao Desespero


Quando minha imunidade emocional está em baixa, você vem com força e revira as dobras da minha alma. Como consegue fazer tamanho tumulto dentro de um só corpo? Quando estou feliz, a paz reina por dentro. O mar do Pontal é mais cintilante, o Sol dá brilho aos meus cabelos e minhas obrigações são ocupações úteis, dadas a mim pelo divino e para minha dignidade. Deveras, quando a dor me atinge, você não titubeia, penetra-me com pressa e trata de se fazer notável. Saudades oscilantes, angústia que sufoca até irromper em lágrimas de sofreguidão. Músicas colocam a chaga à mostra. Lembranças martelam e passam como um filme pela casa e em cada objeto que possui marcas de alguém. Você, Senhor Desespero, tem me feito padecer em aflições de espírito, em divagações e desconcentrações do que me é essencial à vida social e particular. Por sua causa, o esforço que tenho feito para ficar bem sempre é dobrado. O senhor tem me colocado em situações constrangedoras comigo mesma, uma vez que me faz sentir desejos de suplicar um amor que não mais existe, e se existe, não é mais destinado a mim. Como pode fazer-se tão presente quando menos eu preciso de sua presença? Vá embora! Devolva-me o sono, o encanto de sorrir e a esperança nos sonhos que ofuscados foram. Faça-me o favor de não estar mais aqui quando amanhã eu acordar. Quero abrir os olhos e escutar os pardais no quintal do vizinho. Quero pegar o celular e não pensar nas ligações que não recebo mais. Quero terminar o dia com a velha e gostosa sensação de deveres cumpridos. Quero a paz que me dá a força para crer em novos amores. Quero que, enquanto eu estiver dormindo, você reúna todos os seus dardos e parta para bem longe, vá embora, devolva-me a mim. E, se ainda tiver espaço em sua mala, leve consigo esse sentimento que em mim ainda arde, mas que inútil se fez. E que este seja o último Adeus.















quarta-feira, 6 de março de 2013


Acomodação nossa de todo dia



Parte de humanidade tão miserável é a acomodação
A dívida mal paga
A resposta que não demos por medo
 O não guardado
A insistência na esperança de que alguém vai mudar
O vício de se machucar
A perseverança no que não tem amanhã
Não se acomode com o que incomoda!
É o que ouvimos e não praticamos
E, como num ritual fora da consciência,
Seguimos nos acomodando
Nos habituando
Nos matando
Morrendo
Nos enterrando
E haverá sempre o outro
O que moverá a última pá.