A bola de fogo cresceu, fez
morada. Sim, aquela bola que queima meu peito e abdômen e me faz estremecer.
Ela queima forte, tão forte, tão forte, que secou minhas lágrimas. Eu até
queria chorar, quero muito conseguir chorar para escoar os pedregulhos, mas
tenho falhado. Foram cinco tentativas, no banheiro, de fluir, e nada.
Eu sinto que vou explodir. Meus
cabelos caem, meus pés se escondem mais do que nunca, minhas pernas trepidam,
minhas mãos suam, aqueles olhinhos estão sempre diante de mim.
Meu coração está apertado e entre
duas mãos, uma na frente e outra nas costas, que o pressionam me tirando o pé
da realidade consciente.
Sinto-me sendo sugada, pouco a
pouco, por um movimento de forte interiorização, e estala em meus ossos uma dor
que movimenta as mãos que comprimem meu coração. E a bola de fogo me consome
intensamente... Ela não para... eu sinto dor. Na verdade, eu estou sentindo
muita dor.