quinta-feira, 6 de abril de 2017

TPM

Que saudade do antigo lar
que saudade de casa
daquela casinha pequena e sem privacidade
daquele sofá surrado e sempre limpo
daquele tapete desbotado e que esquentava gostosamente meus pés
Que saudade de meu cachorro
de seu olhar de coitado a mendigar minha bolacha
de seu roncar aos pés de minha cama

De meus sonhos na fronha surrada

Que saudade daquela pequena casa
da velha TV que só me proporcionava filmes reprisados
do portão que batia toda vez que alguém saía
da rua barulhenta que se ouvia no fundo de casa

Que saudade do aconchego do edredom no sofá
do café sem leite
do pão com margarina

Ah, quem me dera ter o poder do teletransporte
para poder voar e atravessar os portais
que me separam daquela velha casa
Se eu pudesse,voltaria sempre que batesse a saudade
num mero fechar de olhos
minhas raízes voltariam ao tronco

Essa saudade não é das que machucam
é das que enchem o peito de lágrimas e saudade mesmo

Não tenho saudade do meu eu daquela casa pequena
tenho saudade do eu de hoje experimentando aquela casa

Ai, que saudade de meus velhos,
que saudade de meu anjo-irmão
de minha caçula-irmã
de meu idoso cachorro
do velho guarda-roupa
da velha casa

da casa que é a mesma casa
mesmo depois de mim









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