quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Dia de José

Todos nós temos o dia do encurralamento, da pressão sutil, do silêncio ensurdecedor. Quando a voz de nossa própria mente nos pergunta para onde vamos, para onde estamos indo e de que forma. Seria o caminho da vez o mais sensato? As sensações oportunas? “E agora, José?” Quando a festa acaba e a luz apaga, como sumir junto com o povo? O que fazer com o nome que em nada apaga do anonimato o grito que vem de dentro? As negações de desejos e necessidades dolorosamente retomadas à consciência levam-nos a um beco sem saída. “E agora, José?” A noite esfria e o dia não vem, muito menos o bonde. Os monólogos interiores, as músicas, o cansaço e a morte em nada resolvem a falta de fôlego. O José de Drummond marcha sozinho no escuro. Sem saber para onde, ele marcha. Caminhamos, cansamos, descobrimos uma linha de mínimo equilíbrio e ali nos fixamos. Quando a corda trepida é hora de dar outro passo em busca de novos portos seguros. Assim a caminhada não cessa, as necessidades se satisfazem sob esforços. A vida severina pós-moderna deixa de ser aquela em que se morre de velhice antes dos trinta e passa a ser a que nos obriga a desfazer a tocaia de todos os dias. Mesmo assim, marcha nosso José.  “José, para onde?”

2 comentários:

  1. Seu texto está lindo. Suas crônicas estão cada vez melhores. Que talento literário, é inegável e notório. Parabéns! "Oh! Bendita que semeia crônicas... crônicas à mão cheia e manda o povo pensar!"

    Júnior

    ResponderExcluir
  2. Obrigada!! Mil beijos! Visite-nos sempre!

    ResponderExcluir